Todos reconhecem usar apenas uma parte dos recursos do pacote, mas pagam o preço cheio. No mundo móvel, no entanto, a história é outra.
O Microsoft Office está numa invejável posição de presença em praticamente todos os PCs e laptops, mesmo que não tenha oferecido nada novo desde a versão 97 (ou talvez a versão 2002/XP, que trouxe o suporte a hiperlinks) para aqueles 95% dos recursos que as pessoas mais usam.
Mesmo assim, usuários e empresas pagam 200 dólares ou mais por licença de tempos em tempos porque... Bem, trata-se de um hábito ruim que todos nós cultivamos há tempos e que consiste em prover a Microsoft com um fluxo contínuo de grandes receitas em troca de, sinceramente, nada.
O Microsoft Office 2010 é a mais nova e desnecessária versão, carregada de recursos de colaboração que quase ninguém usa, e que tenta lhe amarrar mais e mais aos produtos da família Windows Server.
Se é assim, onde é que entra a mobilidade? Bem, para quem já se alinhou completamente à Microsoft, há o Office Mobile 2010 para certos smartphones com Windows Mobile 6.5 – e para os futuros aparelhos que virão com o Windows Phone 7. Mas há também uma sólida dupla de editores compatíveis com Office para iPhones e outros aparelhos com o iOS, para BlackBerry e para aparelhos com Android: o Documents to Go, da DataViz, e o Quickoffice Mobile Suite, da Quickoffice.
15 dólares
Cada um deles custa 15 dólares e são aproximadamente equivalentes ao que o WordPad pode fazer num PC para edição de texto; eles também suportam Excel básico e, em um grau menor, trabalhos em PowerPoint. E muitos aparelhos móveis podem exibir arquivos do Office para leitura por meio de aplicativos incorporados gratuitos; desses, o app Preview do iOS é o mais habilidoso.
Dado que a maioria das pessoas usa Office para ler e comentar em arquivos Word, Excel e PowerPoint e talvez produzir alguns documentos rudimentares (pense em quantos documentos você produz diretamente no e-mail), essas ferramentas de produtividade móvel estão perto de entregar o que a maioria das pessoas precisa.
E, em breve, eles chegarão lá. À medida que aparelhos móveis como o iPad ganham aceitação dentro das empresas, cada vez menos pessoas precisarão trabalhar com documentos diretamente no PC. Em vez disso, elas usarão ferramentas como o Documents to Go e o Quickoffice em seus tablets e smartphones.
Quando isso ocorrer, as empresas deverão se perguntar por que gastar 200 dólares de tempos em tempos pela nova versão de um produto que pode ser substituído por um produto de 15 ou 30 dólares, que funcionam em aparelhos que as pessoas preferem usar. Os jóqueis de planilhas eletrônicas, magos do marketing e gurus das vendas ainda precisarão de uma ferramenta rica como o Office, mas a maior parte dos outros funcionários não.
Eu duvido que a Microsoft vá oferecer uma versão de 15 ou 30 dólares do Office para iOS, BlackBerry ou Android. Sim, o Office Mobile 2010 virá com o Windows Phone 7, mas duvido que a plataforma vá decolar. Por isso, ele não importará.
Pense na Adobe
Se você pensa que estou ficando louco, pense no que já aconteceu com a Adobe Systems e seu produto Acrobat. Assim que a Apple acrescentou a anotação em PDF no aplicativo embutido Preview do Mac OS X Show Leopard, a necessidade tanto do Adobe Reader gratuito como do Acrobat Pro de 449 dólares caiu sensivelmente entre os usuários de Mac.
O Acrobat Pro tem oferecido mais e mais recursos, mas que são relevantes apenas para uma pequena fração da sua base de usuários. Os usuários de Mac abandonaram às pencas o caro e gordo Acrobat, com exceção daqueles que criam formulários Acrobat ou produzem publicações em PDF que exigem gerenciamento de segurança e recursos de hiperlinks.
Para o Windows, a Adobe oferece o mais modesto Acrobat Standard de 299 dólares, mas ele não está disponível para o Mac – este “mercado intermediário” evaporou quando o Preview incorporou os recursos do Acrobat de que os usuários mais precisam.
Eu posso ver o mesmo ocorrendo para o Office nos próximos anos à medida que os usuários móveis se derem conta do que viviam sussurrando: “Eu realmente não preciso de tudo isso no Office. Meu app móvel faz exatamente aquilo de que preciso.” Hum, talvez eles serão levados a se perguntar o que fazer com todas aquelas caixas de Windows Server (com exceção do Exchange, é claro), ao perceberem que também não precisam mais delas.
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